Análise de alguns temas de redação do Enem

Terminei o artigo anterior falando sobre alguns aspectos relacionados à segunda competência avaliada na redação do Enem. Veja mais estes aspectos.


  • Utilize informações de várias áreas do conhecimento, demonstrando que você está atualizado em relação ao que acontece no mundo.
  • Evite recorrer a reflexões previsíveis, que demonstram pouca originalidade no desenvolvimento do tema proposto.
  • Mantenha-se dentro dos limites do tema proposto, tomando cuidado para não se afastar de seu foco. Esse é um dos principais problemas identificados nas redações. Nesse caso, duas situações podem ocorrer: fuga total ao tema ou fuga parcial ao tema.
O tema proposto para o Enem 2013 foi pautado por um problema social presente no cotidiano dos indivíduos e da sociedade brasileira, em que se mesclam aspectos de saúde pública, educação, segurança, direitos e deveres individuais e coletivos: consumo de bebida alcoólica e direção de veículos. A abordagem proposta concernia à discussão sobre efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil. A partir dessas palavras-chave destacadas, o participante precisaria considerar fatos, estatísticas, discussões, leis relacionados às consequências da implantação desde 2008, ano em que a lei entrou em vigor. Não se trata de uma discussão acerca de opiniões sobre a lei, dicotomizadas entre a favor ou contra, mas da possibilidade de considerar a ampla gama de aspectos envolvidos na questão. A pergunta que o tema propõe é: a implantação da Lei Seca está surtindo efeitos satisfatórios? Se ainda não está, o que se pode fazer?



No Enem 2014, o tema dizia respeito à discussão sobre a publicidade infantil e o questionamento sobre sua veiculação no Brasil. A partir dessas palavras-chave destacadas, o participante precisaria considerar, com base nos textos motivadores, o contexto posto em discussão (no Texto I) para entender o problema proposto: como o Brasil deve lidar com a veiculação de publicidade voltada às crianças? O Texto II trouxe subsídios para ampliar a reflexão, ao tratar de dados sobre como se dá a publicidade infantil em alguns países do mundo, da autorregulamentação do mercado (como no próprio caso do Brasil) até a proibição total de publicidade voltada a crianças, como no caso de países como Noruega e a província de Québec (Canadá). O Texto III, cuja fonte foi um livro que discute a influência do marketing sobre a criança, era um trecho que apontava para a vulnerabilidade da criança e o papel da educação na formação para um consumo consciente.

A partir desse rol de informações, é possível perceber quais os segredos do Enem, esperava-se que os textos produzidos se direcionassem para um dos diferentes contextos possíveis, como o contexto legal: discutir a legislação atual, compará-la à de outros países, tomar posição e eventualmente propor alteração legal; ou o contexto de proteção às crianças: com base no entendimento da criança como um ser vulnerável, em formação, altamente influenciável, tomar posição pela regulamentação da publicidade infantil pelo Estado, para proibição ou restrição ou, ainda que aceitando a não interferência do Estado na regulação do setor, defender a importância da família e da educação para que a criança possa ser preparada para o consumo; o contexto de defesa da liberdade de expressão: com base em um entendimento de que o Estado não deve se envolver com questões de mercado, defender a livre veiculação da publicidade infantil, com ou sem autorregulamentação; o contexto pragmático: analisar a situação da publicidade infantil no Brasil e, a partir dessa perspectiva, propor mudanças ou defender a manutenção do cenário atual.

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